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quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Um pouco de Carolina...

"A noite está fria. O céu está salpicado de estrelas. Eu que sou exótica, queria recortar um pedaço do céu para fazer um vestido."

"Eu classifico São Paulo assim: o Palácio é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam o lixo."

"... Enquanto estou na favela tenho a impressão que sou um objeto fora de uso, digno de estar num Quarto de Despejo."

"Eu hoje estou triste. Estou nervosa. Não sei se choro ou saio correndo sem parar até cair inconciente. É que hoje amanheceu chovendo. E eu não saí para arranjar dinheiro. Passei o dia escrevendo"

"Hoje não temos nada para comer. Queria convidar os filhos para suicidar-nos"

"
Vi os homens jogar sacos de arroz dentro do rio. Bacalhau, queijo, doces. Fiquei com inveja dos peixes que não trabalharam e passam bem."


" O céu é belo, digno de contemplar porque as nuvens vagueiam e formam paisagens deslumbrantes. As brisas suaves perpassam conduzindo os perfumes das flores. E o astro rei sempre pontual para despontar-se e recluir-se. As aves percorrem os espaços demosntrando contentamento. A noite surge as estrelas cintilantes para adornar o céu azul. Há várias coisas belas no mundo que não é possível descrever-se. Só uma coisa nos entristece: os preços, quando vamos fazer compras. Ofusca todas as belezas que existe"





Quarto de Despejo (diário de uma favelada), de Carolina Maria de Jesus


"Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, interior de Minas Gerais, em 14 de março de 1914. Estudou até o segundo ano primário. Migrou para São Paulo em 1947, indo morar na extinta favela do Canindé, na zona norte. Nessa cidade, trabalha como doméstica, não se adaptando, contudo, a esse tipo de trabalho. Passa a trabalhar como catadora de papel, trabalho que realiza até sua morte, em 1977. Carolina nunca se casou e teve três filhos.
Até aqui, temos uma história que poderia ser a de qualquer outra mulher brasileira pobre: negra, semi-alfabetizada, favelada, como tantas que existem pelo Brasil afora, não fosse por um detalhe – a paixão de Carolina Maria de Jesus pela leitura e pela escrita. Carolina dividia seu tempo entre catar papel, cuidar dos filhos e escrever.
Em 1958, aparece a primeira reportagem sobre Carolina no jornal Folha da Noite. No ano seguinte, é a vez da revista O Cruzeiro divulgar o retrato da favela feito por Carolina.
Em meados da década de 1960, o jornalista Audálio Dantas, ao visitar a favela do Canindé para escrever uma matéria sobre a expansão do local, conhece Carolina, que lhe entrega os manuscritos de seu diário. Surge então seu primeiro livro, Quarto de despejo, livro-diário em que relata a fome cotidiana, a miséria, os abusos e preconceitos sofridos por ela, seus filhos e outros moradores da favela.
Quarto de despejo foi lançado pela Livraria Francisco Alves em agosto de 1960 e editado oito vezes no mesmo ano; mais de 70 mil exemplares foram vendidos na época. Para se ter uma idéia do sucesso, para uma tiragem então ser considerada bem-sucedida, era preciso alcançar a margem de, aproximadamente, quatro mil exemplares. Nos cinco anos seguintes, Quarto de despejo foi traduzido para 14 idiomas e alcançou mais de 40 países, como Dinamarca, Holanda, Argentina, França, Alemanha, Suécia, Itália, Tchecoslováquia, Romênia, Inglaterra, Estados Unidos, Rússia, Japão, Polônia, Hungria e Cuba.
Além de Quarto de despejo, Carolina também publicou Casa de alvenaria (1961), Provérbios e Pedaços da fome (1963) e Diário de Bitita (publicação póstuma, realizada em 1982, pela editora francesa A. M. Métailié).
Há indícios, na prosa da escritora, de que ela teria tido acesso a obras de grandes escritores brasileiros, provavelmente nas casas em que trabalhou, o que explicaria as menções em suas obras a poetas como Casimiro de Abreu e Castro Alves. Em seus livros, Carolina alterna incorreções ortográficas, sintáticas e de pontuação – reflexos da linguagem oral – com o emprego correto de termos específicos da linguagem escrita culta.
Outro traço particular de Carolina Maria de Jesus é a sua consciência política e social. Passagens de seus livros mostram que a escritora estava sempre a par do que acontecia não só em São Paulo, mas também em outros Estados, provavelmente por meio de notícias lidas em jornais que via nas bancas.
Apesar de todo o sucesso de seu primeiro livro, as publicações seguintes da autora não tiveram êxito, e Carolina caiu no esquecimento. Pobre, morreu na casa em que morava com o filho mais velho, no bairro de Parelheiros, em São Paulo, no dia 13 de fevereiro de 1977.
Em lembrança aos 30 anos da morte de Carolina Maria de Jesus, o Instituto Moreira Salles destaca a vida e a obra desta escritora tão pouco conhecida, mas de grande importância para a literatura brasileira."

Pesquisa e texto: Maria Paula Galdino Miyashiro

fonte: http://acervos.ims.uol.com.br/

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Poesia Concreta

Não, não é arte usando concreto!! Ouvi isso mais de uma vez, em alguns casos era brincadeira, mas a maioria não fazia idéia do que eu estava falando. Aqui está um resumo sobre o assunto:

A POESIA CONCRETA


O Concretismo surgiu no Brasil, oficialmente em 1956, com a Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada no Museu de Arte Moderna em São Paulo, mas este movimento acontecia em diversas partes do mundo. Após a Segunda Guerra o Concretismo se manifesta em países como Alemanha, França, Estados Unidos, Inglaterra e Escócia. Em muitos casos uns não sabiam o que os outros estavam fazendo. Aqui no Brasil surgiu quase que de forma simultânea, quando descobrem Erza Pound e resolvem realizar um trabalho de "invenção". Os "pais" do concretismo brasileiro foram: Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Wlademir Dias Pino, Ferreira Gullar e Ronaldo Azeredo. No apogeu do desenvolvimento da Era J.K. os intelectuais de São Paulo buscavam uma nova visão poética e ideológica, assim como a vanguarda modernista de 1922.

"Todo o poema é uma aventura planificada" Erza Pound

O concretismo propõe um experimentalismo poético (planificado e racionalizado). Tem como características básicas:

  • Ideograma: apelo à comunicação não-verbal.

  • Atomização: comumente as palavras são desmanchadas, criando outras significações.

  • Metacomunicação: simultaneidade da comunicação verbal e não-verbal.

  • Polissemia (muitos significados): trocadilho, justaposição de substantivos e verbos, aliteração.

  • Estrutura verbivocovisual: valorização do campo visual, do aspecto gráfico da letra, da cor e da disposição das palavras.
fontes: http://www.tanto.com.br/luizedmundo-concret.htm, http://educaterra.terra.com.br

Algumas obras:



Augusto de Campos










Décio Pignatari







poesia em tempo de fome
fome em tempo de poesia

poesia em lugar do homem
pronome em lugar do nome

homem em lugar de poesia
nome em lugar de pronome
poesia de dar o nome

nomear é dar o nome

nomeio o nome
nomeio o homem
no meio a fome

nomeio a fome

Haroldo de Campos











Marcelo Moura









Este blog tem mais ótimos poemas concretos: http://concretismo.zip.net/
Edição de imagens: Diogo Viana
poetaeterno.blogspot.com