terça-feira, 4 de setembro de 2012

Grão de areia

Se eu fosse um grão de areia
ia deixar o mar me levar
passeava de um oceano a outro
um viajante sem destino
pronto para atracar em qualquer porto
que lhe desse
abrigo

Se eu fosse um grão de areia
deixava o vento me guiar
corria para o céu, por entre as nuvens brancas
pegava carona numa gota d'água
sentindo o arrepio frio da descida

Se eu fosse um grão de areia
seria o pó entre seus dedos na praia
seria o topo da torre mais alta do seu castelo
seria só mais um

Andressa Iha

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

HOJE NÃO!!

Hoje não!!




Hoje não é dia de trabalhar!
Hoje não é dia para pensar
Não neste instante!

Agora quero a mente tranquila, serena
no silencio dos monastérios quero ouvir o murmúrio
da própria vida
Aquela que ficava para depois
depois daquele amanhã que nunca chega

Hoje não é dia de insônia e medos
Hoje não é dia de inquietação
Hoje vamos dormir e sonhar
O sonho impossível a quem em entrego

Hoje as mãos descansam, os pés relaxam,
as pálpebras cedem gentilmente...
Hoje não é dia...
já é noite...



Andressa Iha

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Pequeneza

Pingo de tinta no papel em branco
pequenino, imperceptível
Limpa, limpa e não sai
Insiste em sua solidão
Aquele branco todo lhe consome
A todo instante essa pureza ao seu redor
relembra seu estado de solidão
único pontinho preto
perdido
encolhido
esmagado
é apenas um
Sem uma família para o acolher
Uma mancha preta, outro ponto que fosse!
Mas tudo é branco
Tudo é solidão
Solidão pequena e discreta,
não se vê, mas esta lá

Andressa Iha


quarta-feira, 4 de novembro de 2009


Mordaça


Não vou começar a escrever

Quero tudo guardado onde está

Escondido, debaixo do tapete

Ninguem quer ver

Eu não quero ver


Não quero a alma ao relento

Pobre, triste, sozinha...

Ela precisa de carinho e resguardo


Está segura assim

As palavras lhe devem respeito

Agora se preservam mudas

...


Andressa Iha

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Enigma

Vai que não se vê
Lê, que não se entende
Escuta o que não pode ser proferido
O que são?
Tempos perdidos nas sarjetas da incoerência

Andressa Iha

segunda-feira, 27 de abril de 2009

quem é vivo sempre aparece

Segundos

Um segundo pra acordar
Um segundo pra comer
Um segundo pra correr
Um segundo pra trabalhar
Um segundo para ler
Um segundo para ouvir
Outro segundo e vai cantar
Dois segundos para amar
Três para esquecer
Um segundo e escreve
Um segundo e rabisca
Um segundo, última linha
Três segundos olhando o movimento
Um carro, uma moto, uma criança pulando corda
Um segundo e cai a casa!
Cinco segundos de raiva
Dois segundos de lágrimas, um pra cada olho
Mais outros tantos pensando na vida...
O tempo corre, os momentos escapam

Foi-se mais um minuto da sua vida.

andressa iha

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009





Meses escrevendo...
dias sem escrever....








Finalmente

É cansativo pensar, escrever, deixar os olhos abertos
A exaustão de sentir
O cansaço corrói, a luta não parece ter o mesmo sentido
Enfim... parece ter chegado o ponto final.

Andressa Iha

Edição de imagens: Diogo Viana
poetaeterno.blogspot.com