Por que falar do amor,
da saudade, da paixão?
Por que falar da vida,
da política da miséria,
e tudo mais que é social?
Por que falar do vaso?
Por que falar da própria poesia,
da filosofia, da sua ideologia?
Por que falar?
Com as palavras manipulo
Distorço-as a meu favor
Mostro amor e digo ódio
Sem as palavras não se insulta
Sem elas não faz guerra
Por que falar?
Falar porque é ambivalência
distorço e contorço
Faço da palavra a esperança
O amor não só pelo simples vocábulo
Sem as palavras não elogio
Sem as palavras não se faz paz
Por que falar?
Falar porque é humano
Falar para tentar expressar
tudo o que nos torna humano
Falar para poder registrar depois a palavra
E de todas as palavras fazer poesia.
Agora os novos...
Salto Vital
Uma espreguiçada e exorciso meus demônios
Tão fracos que estão fogem sozinhos
A leveza dos ombros permite que pule
Os saltos são ensaios do grande vôo
Logo pulo tão alto, que os pés vão esquecer do chão
Asas? Quem precisa delas?
Há tanta força
Capaz de tremer a terra no primeiro impulso
Alcanço a Lua e me esquento perto do Sol
Trago umas estrelas de lembrança
Vai saber quando voltar
O solo vai estremecer, fazendo suas pernas ficarem bambas
Comandos
Esses pés não obedecem
Perdi o controle das mãos
A cabeça balança, parece contrariada
Os quadris acompanham sem reclamar
Ah, coração... Até tu ?
Se rebela saindo do seu ritmo tranquilo
Ao mesmo tempo todos se descontrolam
Aqui
São os sons
alí
Os tons
de novo aqui
Comandos recebidos
O corpo reconhece tudo
E em bela sintonia obedece
ANDRESSA IHA
2 comentários:
Gosto mais quando escreve poemas assim.
A coisa da critica social rotula.
Odeios rotulos, nos torna todos
classificaveis.
De verdade poesia trancende
critaca social enoja.
Poesia expressa a alma
e fica eternizada.
Critica social só ilustra um momento e passa,fica esquecida...
nem a historia registra.
Critica social mata o sonho
Poesia nos faz delirar
Bjins entre sonhos e delírios
Oi, encontrei o seu blogue através de Victor Az (que, infelizmente, não tem atualizado o seu Concretismo!). Estou ainda lendo/vendo o que você faz. Mas tenho uma observação a fazer, em se tratando de poesia concreta: apesar da "hitoriografia oficial", há mais três fundadores do movomento concreto, em 1956: Wlademir Dias Pino (para mim, o mais importante dos seis), Ferreira Gullar e Ronaldo Azeredo. Um abraço.
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