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Um alívio tão grande tomou conta de mim quando li as últimas linhas de "A Paixão Segundo G.H." A montanha-russa em que estava finalmente chegou ao fim. Tenho sim, que compartilhar com quem quer que seja essa minha experiência. Este livro não foi mera distração noturna para pegar no sono, foi bem mais. Clarice me proporcionou uma experimentação de minha própria vida. Tive vários encontros e desencontros entre uma página e outra. Tinha que ir interrompendo a leitura, como quem freia um carro que certamente vai bater no muro, mas mesmo tendo consciência da batida desacelera para tornar o estrago menor. Não sei as proporções do meu estrago. Ainda estou agachada no chão, procurando os pedaços que saltavam pra fora a cada parágrafo lido. Acho que alguns vou deixar no chão, creio que não preciso mais deles. Sei que outras vezes ainda vou sentar em uma nova montanha-russa, que pedacinhos vão escapar. Não me importo mais.
Se você tem a vida como uma estante bagunçada, cheia de papéis soltos, livros caídos, molhados, e embaralhados vai entender bem o livro. Não vai ser você que o lerá, e sim ele. Deverá terminá-lo a qualquer custo, porque se não o fizer estará se perdendo mais e mais.
Se a sua vida for uma estante em perfeita ordem e catalogada, com certeza vai achar o enredo banal, a não ser que seja dotado de um sensibilidade solidária não vai perceber a barata como G.H. percebeu. Como eu percebi... E só vai poder sentir nojo.
Eu vi uma barata. Bebi seu líquido estranho e puro... neutro... divino...
Este livro foi minha barata.
Ahhh, até logo Clarice! Obrigada G.H. ,senti sua mão quente pedindo a minha, e no fim eu é que não queria largá-la... Obrigada, porque eu consegui!
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