"Ahh, pra que ler o que está entre parênteses?"
Eu também ignoro alguns, mas depois não tem remédio, tenho que voltar e procurar algo que ficou faltando! Minha intenção com isso aqui é mais ou menos isso...
No meu plano original, o blog devia começar no Ano Novo, pra abrir com um poema lindo do Drummond, mas o layout não estava pronto e não queria começar com ele "pelado". Enfim ficou pronto, e muito bonito. Me valeu os R$50,00 investidos e muito bem pagos em 2 vezes sem juros no cartão para o Diogo ;) Mais informações sobre como obter seu layout, podem me contatar que aviso o artista (comissão de 10% hein!)_ espero que nao ignore esse parênteses!
Estamos no dia 8, quase 9 de janeiro se não me apressar. O ano novo já passou, mas o poema continua lindo, vou posta-lo!
PASSAGEM DE ANO
O último dia do ano
Não é o último dia do tempo.
Outros dias virão
E novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.
Beijarás bocas, rasgarás papéis, farás viagens e tantas celebrações
de aniversário, formatura, promoção,glória, doce morte com sinfonia e coral,
que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,
os irreparáveis uivos
do lobo, na solidão.
O último dia do tempo
não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
uma mulher e seu pé,
um corpo e sua memória
um olho e seu brilho,
uma voz e seu eco,
e quem sabe até se Deus...
Recebe com simplicidade este presente do acaso.
Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.
Teu pai morreu, teu avô também.
Em ti mesmo muita coisa já expirou, outras espreitam a morte,
mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo,
e de copo na mão
esperas amanhecer.
O recurso de se embriagar.
O recurso da dança e do grito,
o recurso da bola colorida, o recurso de Kant e da poesia,
todos eles... e nenhum resolve.
Surge a manhã de um novo ano.
As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
a vida escorre da boca,
lambuza as mãos, a calçada.
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Não é mais ano novo, mas já é dia 9!
Um comentário:
Puxa...
Ficou lindo o layout...
Gostei muito.. Acho que vou contactar esse tal Diogo Viana..
Ei, Diogo Viana sou eu!!
huahuauhhuahuahuauhhuhua
Olha... o que o poeta escreve é alem dos "entre parenteses" (mesmo ele estando entre aspas), eu diria que o "entre parenteses" do poeta, na verdade é entre as linhas, o que o poeta escreve sempre deixa algo a ser completado...
Todo poema, deveria então, estar ente parenteses... Pq o sentido é puramente interpretativo... Quem lê um poema de amor, não sabe do odio que ele precisa pra ser vivo...
Andressa... muita sorte com o novo blog... esta ganhando um link permanente no meu, logo que eu organize a lista.
Drummond é bom em todas as ocasiões... Florbela tambem... Passe mais por ela.. tenho certeza que vai gostar dos sonetos...
Bj
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